É a parte da Química que trata dos cálculos de massa, volume, número de moles, etc., aplicada às reações químicas.
O cálculo estequiométrico permite relacionar quantidades de reagentes e produtos de determinadas substâncias, que participam de uma reação química com o auxílio das equações químicas correspondentes.
Portanto, para iniciar os cálculos, devemos seguir os seguintes passos:
1) Escrever a equação química;
2) Balancear esta equação, acertando os coeficientes estequiométricos.
3) Determinar as proporções das grandezas envolvidas no problema.
Vamos considerar 2 assuntos muito importantes – Pureza e Rendimento
(Temos três situações):
1) O processo todo de reação é ideal (isto é, substâncias 100% puras; reação com rendimento 100%, em outras palavras, após a reação não sobram reagentes).
2) Na prática, a maioria dos produtos que participam de um processo químico não são totalmente puros como é o caso dos materiais aplicados nas indústrias. Ao realizar cálculos estequiométricos, devemos levar em conta o grau de pureza das substâncias envolvidas na reação, já que, algumas vezes, é necessário descontar as impurezas presentes, que não participam da reação química.
3) A eficiência (rendimento) de uma reação química é a relação entre a quantidade realmente obtida de um produto e a quantidade teórica calculada (expectativa). Na prática, o rendimento de uma reação química nunca é de 100%.
CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO
Podemos calcular numa reação
química, a massa, o volume, o número de moles, o número de moléculas, etc., de
uma substância em função de algum valor referente à outra substância dessa
reação.
E como se faz esses
cálculos?
Simples! Basta estabelecer
uma proporção. Porém, devemos tomar
cuidado: nessa proporção, os dois valores de cada
razão devem ter a mesma unidade.
Devemos proceder da seguinte
forma:
- Escrever a equação química.
- Acertar os coeficientes, pois estes indicarão a
relação em moles.
- Escrever as massas das substâncias envolvidas no
problema, de acordo com a tabela de massas atômicas.
- Estabelecer a proporção.
- Fazer a devida conversão das unidades, se
necessário.
- Calcular o x.
Calcule a massa de água que
se forma, quando se utiliza 6,4
g de oxigênio.
Resolução:
1. Escrevendo a equação
química:
2. Acertando os coeficientes (=fazer o
balanceamento)
3. Consultando a tabela
periódica e escrevendo as massas das substâncias envolvidas no problema, vem:
4. Estabelecendo a
proporção:
Exemplo-2
Determine a massa de gás
carbônico que se obtém, quando se utilizam 5,6 ℓ de gás metano nas CNPT,
conforme a equação:
Resolução:
1. Escrevendo a equação
química:
2. Fazendo o balanceamento:
3. Consultando a tabela de
massas atômicas e escrevendo as massas das substâncias indicadas no problema:
4. Estabelecendo a
proporção:
5. Há unidade a converter,
pois:
Vamos converter 16 g em ℓ. Para isso,
observemos o coeficiente da respectiva substância, que é o CH4. O
seu coeficiente é 1, o que quer dizer 1 mol. Ora, 1 mol convertido em ℓ, nas CNPT,
nos dá: 22,4ℓ.
Portanto,
6. Calculando o valor de x:
Exemplo-3
Conforme a equação:
calcule o volume de gás
carbônico que se obtém nas CNPT, a partir de 19,2 g de oxigênio.
Resolução:
(a partir de agora vamos
fazer direto)
Como o problema pede o
volume de gás carbônico, então o x deverá ser
em litros. Assim
devemos converter 88 g
em litros. (Outra opção é fazer a
conversão no final, isto é, calcular em g para depois, no final, converter em
litros)
Para esta conversão, basta
observar o respectivo coeficiente.
Assim:
O coeficiente do CO2 é 2, o
que significa 2 moles. Ora, o volume
ocupado por 2 moles, nas CNPT, é 2*22,4ℓ.
Logo:
Exemplo-4
Determine massa de água que
se obtém, quando se utiliza 4,5 moles de oxigênio, de acordo com a seguinte
equação:
Resolução:
Exemplo-5
Calcule o volume de
nitrogênio, nas CNPT, necessário para produzir 5 moles de gás amoníaco,
conforme a equação:
Resolução:
Logo:
Exemplo-6
Calcule quantas moléculas de
hidrogênio são obtidas, quando se efetua a reação:
utilizando-se 3,6 moles de
água.
Resolução:
Logo:
RENDIMENTO E GRAU DE PUREZA
Todos os cálculos feitos até
aqui se aplicam às reações químicas completas, isto é, reações cujos reagentes
são totalmente transformados nos produtos.
Porém,
na prática, dificilmente se obtêm as quantidades dos produtos, previstas
teoricamente, pois é preciso ter em mente dois fatores importantes:
1) As reações, na sua grande maioria, não são completas,
pois a tendência é de se estabelecer um equilíbrio entre os reagentes e
produtos, e não uma transformação total dos reagentes em produtos.
2) A ocorrência de perdas,
ocasionadas por certas deficiências, tais como:
·
Falta de técnica
da pessoa que realiza a reação;
·
Aparelhagem
deficiente, que não consegue evitar a evaporação.
·
Transferência da
substância de um para outro frasco, que nunca é total etc.
O fato é que o rendimento de
uma reação dificilmente será de 100%.
Por isso, em todos os cálculos precisamos saber qual é o rendimento da reação.
Além do
rendimento da reação, é preciso levar em conta também o fato de que as
substâncias usadas, especialmente em indústrias, costumam ser impuras. Então,
devemos desprezar nos cálculos de reações a massa correspondente às impurezas.
Sabemos que o calcário é um aglomerado de
substâncias, das quais a essencial ou predominante é o CARBONATO DE CÁLCIO
(CaCO3).
Então se tiver que efetuar uma reação com CaCO3,
não será necessário tomá-lo em estado puro. Poderá trabalhar com o calcário, mas
considerando nos cálculos somente a quantidade de CaCO3. As outras substâncias devem ser desprezadas
como impurezas.
Assim, qual será a massa de CaCO3 em 500 g de calcário que
apresenta 80% de pureza?
Resolução:
Basta estabelecer a
proporção:
Exemplo-2
Tem-se 800
g de um calcário de 90% de pureza. Qual será o volume de
gás carbônico (CO2) que se obtém nas CNPT, quando esse calcário
reage com ácido clorídrico, com rendimento de 95%?
Resolução:
Para resolver problemas que
envolvam pureza e rendimentos, podemos seguir o seguinte procedimento:
1) Calcular a massa da
substância que vai efetivamente participar da reação.
Então, calcário a 90%:
Logo:
2) Escrever a equação
química correspondente, balancear e estabelecer a proporção, conforme já visto
anteriormente.
Pela tabela periódica, tem-se:
Sendo assim:
3) Fazer a correção do valor
encontrado, de acordo com o rendimento da reação.
Encontramos 161,28 ℓ de CO2,
porém, este valor corresponde a um rendimento de 100%. Então:
Exemplo-3
Reduzindo 1 tonelada de Fe2O3
impuro (70% de pureza) com carvão de 90% de pureza, quanto carvão é preciso
teoricamente e quantos quilogramas de ferro puro seriam obtidos teoricamente?
Admitir como equação química:
Resolução:
Balanceando a equação, tem-se:
Logo, a quantidade de
carbono:
E a quantidade de ferro:
Veja que são necessários 157,5 kg de carbono
puro. Porém, este carbono é proveniente
de carvão de 90% de pureza. Logo,
devemos entender que:
Assim, teremos que
acrescentar 10% de impurezas;
Exemplo-4
Os 100 g de sulfato de amônia de
pureza 90%, tratados com excesso de NaOH, dão quantos litros de gás amônia nas
CNPT?
(S=32; O=16: H=1; N=14;
Na=23)
Resolução:
Exemplo-5
Calcular a massa de metano
(CH4) a partir de 360
g de carbeto de alumínio de 80% de pureza, sabendo-se
que a reação tem um rendimento de 90%.
(Al=27; C=12; H=1). Considere a seguinte equação:
Resolução:
Então, tem-se que:
Logo, obteríamos 96 g de metano se o rendimento
fosse 100%.
Assim, tem-se:
Exemplo-6
Uma tonelada de calcário
contendo 8% de sílica e óxido férrico, sendo o restante CaCO3,
quanto resíduo produz por calcinação? (Ca=40; C=12; O=16).
Resolução:
x = 920 kg de CaCO3
y = 80 kg de (sílica + óxido
férrico)
Reação de calcinação e
cálculo de resíduo (por mol).
Resposta: O resíduo produzido por calcinação de 1 mol de CaCO3
é aproximadamente 8,7 g
SITUAÇÕES PARTICULARES
Muitas vezes, nos problemas
de estequiometria, pode ocorrer uma das seguintes situações:
Primeira situação
O problema fornece quantidades de dois
ou mais reagentes.
Quando isso acontecer, você
deverá primeiramente considerar que uma dessas quantidades poderá estar em
excesso e, em seguida, deverá descobrir qual é.
Então, como descobrirei qual
a quantidade está em excesso?
É muito simples. Você
calcula os números de moles de cada reagente e compara-os com os respectivos
coeficientes na equação química. Uma vez
descoberta a quantidade em excesso, faça os cálculos do problema com as
quantidades que realmente participam da reação.
Exemplo-7
Misturam-se 530 g de carbono de sódio (Na2CO3)
com 189,8 g
de ácido clorídrico (HCl). Calcule:
a) A massa de água formada.
b) O volume de gás carbônico que se forma nas CNPT.
(Na=23, C=12, O=16, H=1,
Cl=35,5)
Resolução:
A equação referente à reação
é:
Observe que cada mol de Na2CO3
reage com 2 moles de HCl. Então
vejamos, conforme as quantidades dadas no problema, quais são os números de
moles.
1 mol de Na2CO3
= 2*23+12+3*16 = 106 mol-g
Logo: n =
530/106 = 5 moles
1 mol de HCl = 1
+ 35,5 = 36,5 mol-g
Logo: n =
189,8/36,5 = 5,2 moles
Então, organizando, tem-se:
Sabendo que cada mol de Na2CO3
necessita de 2 moles de HCl, ou seja, o dobro, isto significa que para 5
moles de Na2CO3 o número de moles do HCl deverá ser
10. Como só existem 5,2, então o Na2CO3
está em excesso.
E quanto de Na2CO3
está em excesso?
Logo, o excesso é de (5 –
2,6) = 2,4 moles de Na2CO3.
Neste momento, temos
condições de dar as respostas:
O problema pede:
a) Massa de água (H2O):
M (massa molecular) = 2*1+16=18
n = m/M
Portanto, m = 2,6 * 18 = 46,8 → m = 46,8 g
b) O volume de gás carbônico nas CNPT:
1 mol ↔ 22,4 ℓ
2,6 moles ↔ V
Então, V = 2,6 * 22,4 = 58,24 → V = 58,24 ℓ
Resposta: 46,8 g de H2O e
58,24 ℓ de CO2
Segunda situação
O problema envolve uma mistura.
Neste caso, devemos estruturar
as proporções referentes a cada componente da mistura.
Exemplo-8
Os 300 miligramas de uma
mistura de cloreto de sódio e cloreto de potássio produzem, pela adição de
excesso de nitrato de prata, 720 miligramas de cloreto de prata. Achar a composição em peso da mistura.
(Ag=108, K=39, Na=23,
Cl=35,5)
Resolução:
Mistura de: cloreto de
sódio: NaCl e cloreto de potássio: KCl
Como sabemos a massa da
mistura, vamos considerar que a massa de cada participante seja:
x = massa de NaCl
y = massa de KCl
Então: x + y = 300 mg → x + y = 0,3 g
As equações químicas
referentes ao processo são:
Então podemos determinar a
massa de AgCl que se obtém em cada reação.
De acordo com o enunciado do
problema: m + m’ = 720 mg = 0,72
g
Exemplo-9
Uma mistura formada por 85 g de gás amoníaco e 20 g de hidrogênio sofre
combustão total. Calcule a massa de água
formada. (H=1; N=14: O=16)
Resolução:
Como o problema fala em
combustão, isto significa que a mistura irá reagir com oxigênio. Então, as equações são:
Balanceando as equações
acima, tem-se:
Estamos preparados para
calcular a massa de água formada em cada uma das reações:
Logo, a massa total de água
formada é: 135 + 180 = 315 g
Terceira situação
O problema envolve a equação de
Clapeyron.
Já foi visto como se
manuseia um problema que envolve volume de gás na CNPT.
Lembra-se?
Porém, se as condições do gás
não forem normais, você deverá aplicar a equação de Clapeyron e fazer as
correções necessárias.
Exemplo-10
Tem-se 25,6 g de metano, que é submetido
a combustão. Calcule o volume de gás
carbônico que se forma a 27ºC e 2 atm, sabendo que o processo tem um rendimento
de 90%. (C=12; O=16; H=1; R=0,082
atm.ℓ/K.mol)
Resolução:
Como o problema pede o
volume do gás carbônico (CO2) a 27ºC e 2 atm, aplica-se a equação de
Clapeyron:
T = 27ºC + 273 = 300 K
p = 2 atm
R = 0,082 atm.ℓ / K.mol
Logo, falta conhecer o
número de moles (n) do CO2 para calcular o volume.
Portanto, precisamos
determinar o número de moles do CO2 que será formado na reação de combustão.
(equação de combustão já está balanceada)
Assim,
tem-se que:
Como o processo tem um
rendimento de 90%, então:
Resposta: O volume de CO2 que será formado = 17,71 ℓ
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